Agachamentos Profundos aumentam o risco de lesão no Joelho?
- Vinicius Concon RIsso
- 6 de mai. de 2017
- 3 min de leitura
ATENÇÃO: Agachamentos profundos, realizados com boa técnica e com acompanhamento de um profissional de educação física, NÃO geram forças de cisalhamento prejudiciais para os ligamentos cruzados anterior e posterior. Entenda lendo o texto abaixo: A força de tração (tensile strength) (N) é definida como a última carga que os ligamentos e os tendões podem sustentar a tração antes da falha. A força de tração do ligamento cruzado posterior foi mensurada em cadáveres de 53 a 98 anos de idade e resultou em valores de 1,620 +- 500N. Para indivíduos abaixo dos 26 anos força chegou a suportar 4,000N. Testes no ligamento cruzado anterior realizados in Vivo, com idade entre 16 e 35 anos, mostram uma força de 1,730+- 660N (3.35 a massa corporal- MC) e 2,160 +-157N (MC não disponível). Segue abaixo alguns estudos que mensuraram a força de tração nos ligamentos anterior e posterior em diferentes amplitudes de agachamento: Obs.: Quanto menor o grau de angulação, maior a amplitude de movimento. (imagens). Ligamento Cruzado Posterior (LCP) e a força de tração Sahli et al : meio agachamento (90°) com a massa corporal: Força de tração: 225N (0,29x MC) Pernitsch and Brunner: Agachamento frontal paralelo (58 a 68° no ponto de transição): Força de tração: 787N (1,67x MC) Nisell and Ekholm: Agachamento profundo (50° no ponto de transição): Intensidade: 250kg(2,27x MC) : Força de tração: 1,800N (1,67x MC) Escamilla et al. : Meio Agachamento (80-90° no ponto de transição): Intensidade 133-147kg( 1,43-1,58x MC): Força de tração: 1,783 a 2,066N Os cálculos da força de cisalhamento no LCP com agachamentos realizados nas intensidades de 0,43 a 2,27x a MC nos agachamentos mais profundos (40 a 70°) atingiram cerca de 19,68 e 45% da capacidade de suportar a tração do LCP. Já em agachamentos mais curtos (80 a 140°), nas intensidades de 1,16 a 2,25x a MC essa capacidade ficou entre 13,39 a 51,65% do máximo. Ligamento Cruzado Anterior (LCA) e a força de tração Pernitsch and Brunner: Agachamento paralelo (58 a 70° no ponto de transição): Intensidade de 80kg (sem dados da força relativa); Força de tração: 251N (0,37x MC) Nisell and Ekholm: Agachamento profundo (40° no ponto de transição): Força de tração: 500N (0,46x MC) Os cálculos da força de cisalhamento no LCA com intensidades entre 1,16 a 2,27x a MC, nos agachamentos mais profundos atingiram cerca de 11,62 a 28,9% da máxima capacidade de tração do LCA. Já para os agachamentos mais curtos, como o meio agachamento (90°), com intensidades de 1,16x a MC, atingiram 33,29 a 41,56% da capacidade máxima de suportar a tração. O potencial de adaptação dos ligamentos já é conhecido através de estudos com animais, e o aumento da força de tração gera aumento da rigidez (stiffness) e a melhora da elasticidade do LCA. Levantadores de peso olímpico (weightlifters) apresentam uma maior área de secção transversa do LCA (71.7 vs. 40.56 mm2) comparados com indivíduos destreinados, sendo assim, apresentam também uma maior força de tração e consequentemente um menor risco de lesão nessas estruturas. Ou seja, o treino de força gera adaptações não apenas na musculatura esquelética, mas também em tecidos moles como os ligamentos e tendões. Aplicação Prática: Segundo os autores, diminuir a sobrecarga e aumentar a amplitude de movimento, mantendo a qualidade técnica, pode trazer mais benefícios e um menor risco de lesão do que aumentar a sobrecarga e realizar o ponto de transição a 90°, que no caso é a angulação que mais gera forças de compressão na articulação do joelho. Com o decorrer da periodização, a intensidade poderá ser progressivamente aumentada, mantendo-se essa nova amplitude de movimento. Treino é individual, consulte um profissional antes de alterar qualquer variável. Em breve, mais informações sobre essa revisão de mais de 160 artigos sobre o tema.

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