Economia de corrida, o que é e para que serve?

Muitos atletas e treinadores de esportes de resistência estão familiarizados com o consumo máximo de oxigênio (VO2máx). É sabido que atletas com maiores valores de VO2máx tendem a desempenhar melhor do que atletas com valores inferiores, uma vez que essa variável expressa a capacidade máxima do organismo em absorver, transportar e utilizar o oxigênio. É praticamente uma conversa entre o sistema respiratório, circulatório e muscular, levando em consideração adaptações importantes como a biogênese mitocondrial (aumento do número e tamanho das mitocôndrias), angiogênse (formação de novos vasos sanguíneos) e aumento das enzimas oxidativas (que aceleram as reações no ciclo de krebs, dentro da mitocôndria). Sendo assim, o VO2máx vem sendo o foco de muitos treinadores e atletas na busca de um melhor desempenho.

Entretanto, quando se trata de um público homogêneo (e.g. maratonistas), as pesquisas têm mostrado que outras variáveis exercem um papel mais determinante no resultado, como a economia de corrida (EC). Por exemplo, nem sempre o campeão de uma maratona será o atleta com maior valor de VO2máx, uma vez que os 5 primeiros possuem valores bem semelhantes. Nesse caso, o atleta mais econômico pode se sair melhor, principalmente na parte final da prova. Mas o que é EC?

A EC é definida como a demanda de oxigênio necessária para correr em determinada velocidade submáxima, ou a relação entre o consumo de oxigênio (expresso em mL/kg/min) e a velocidade da corrida. Basicamente é avaliada na esteira com a utilização de um analisador de gases. O indivíduo corre em torno de 5 minutos na mesma velocidade (normalmente os estudos utilizam as velocidades de 12, 14 e 16km/h) e o último minuto é utilizado para análise, justamente por ter dado o tempo do consumo de oxigênio e a frequência cardíaca se estabilizarem para aquela intensidade (steady state). O valor médio do VO2 do último minuto é considerado para a análise da EC.

Vamos supor que o indivíduo realizou o teste de EC, executou um protocolo de treino por 8 semanas e então reavaliou a EC, caso o consumo de oxigênio tenha diminuído na velocidade avaliada (e.g. 12km/h), o indivíduo melhorou a EC, já o contrário é verdadeiro. A melhora de 5% na EC está relacionada com a melhora de ~3% no desempenho de uma prova de 10km, o que pode determinar o pódio.

Com isso, diversos estudos tiveram como objetivo avaliar diferentes protocolos para a melhora da EC, como o incremento do treinamento de força máxima e potência para atletas de endurance. Em breve vou escrever um pouco mais sobre esses protocolos e como adicioná-los na rotina de treinamento de endurance (aeróbio). Inclusive, esse será o tema do meu mestrado, se você tem experiência com corrida de rua e quer saber mais sobre essa oportunidade (inclusive de melhorar a sua EC), entre em contato comigo.

Sugestões de leitura

Barnes, K.R. and Kilding, A.E., 2015. Running economy: measurement, norms, and determining factors. Sports Medicine-Open, 1(1), p.8.

Carmo, E.C.D., 2014. Efeito da economia de corrida sobre a estratégia de prova utilizada durante uma corrida de 10 km (Doctoral dissertation, Universidade de São Paulo).

Denadai, B.S., de Aguiar, R.A., de Lima, L.C.R., Greco, C.C. and Caputo, F., 2017. Explosive training and heavy weight training are effective for improving running economy in endurance athletes: A systematic review and meta-analysis. Sports Medicine, 47(3), pp.545-554.

Li, F., Wang, R., Newton, R.U., Sutton, D., Shi, Y. and Ding, H., 2019. Effects of complex training versus heavy resistance training on neuromuscular adaptation, running economy and 5-km performance in well-trained distance runners. PeerJ, 7, p.e6787.

Smoliga, J.M., 2017. What is running economy? A clinician's guide to key concepts, applications and myths.

#TreinamentodeEndurance #Periodização #TreinamentodeForça #Agachamento